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Encanto do tempo: a sabedoria de reconhecer a inteligência das coisas velhas testadas e sobreviventes do tempo


Cena romântica de uma lareira rústica com troncos queimando, estante de livros antigos ao fundo e dois amigos sentados em poltronas, conversando em um ambiente acolhedor e iluminado suavemente.
O calor do tempo vivido: entre velhos amigos, livros antigos e um vinho que conta histórias, a sabedoria do passado ilumina o presente.


A frase “Queime lenha velha, beba vinho antigo, leia livros velhos e tenha velhos amigos” encapsula uma reflexão profunda sobre a importância do tempo na construção de significados, laços e tradições que perduram. Queimar lenha velha sugere o aproveitamento do que já foi testado pelo tempo, do que está amadurecido e preparado para oferecer calor com eficiência. Da mesma forma, beber vinho antigo é uma celebração do envelhecimento como processo que agrega valor, transformando uma bebida em uma experiência de vida, uma metáfora para a paciência e para a valorização da maturidade.


A leitura de livros velhos é uma ponte para sabedorias passadas. Ler as obras clássicas nos conecta com mentes que moldaram o pensamento humano.


Autores como Aristóteles (2014) e Montaigne (2017) mostraram que o conhecimento transcende gerações e que os desafios da existência humana são, em essência, constantes. Velhos amigos, por sua vez, simbolizam a lealdade e a profundidade que só o tempo pode nutrir, no qual a confiança e o entendimento se consolidam, como bem destacou Aristóteles em sua "Ética a Nicômaco" ao definir a amizade como um bem duradouro.

O apelo dessa frase reside em sua sensibilidade romântica, sugerindo que o que envelhece com qualidade deve ser preservado e cultivado. O vinho não apenas fica mais saboroso com o tempo, mas também carrega consigo as histórias das vinhas e dos que o produziram. Os livros antigos não apenas contêm histórias, mas também são testemunhas das mentes que os leram ao longo dos séculos, marcando o trajeto da civilização. Os velhos amigos não apenas conhecem nossa história, mas fazem parte dela, mantendo laços que o tempo, em vez de desgastar, fortalece.



Cena vintage com uma mesa de madeira, um livro aberto, taça de vinho tinto e uma vela acesa, ao lado de uma lareira com brasas brilhando e uma estante de livros antigos ao fundo
O aconchego das memórias: em meio ao calor suave da lareira, com vinho e um livro aberto, o tempo se transforma em sabedoria e lembranças

Neste sentido, a filosofia nos ensina que valorizar o que é antigo não é um apego nostálgico ao passado, mas um reconhecimento de que o tempo é o maior mestre. Como diz o filósofo Heidegger, o ser humano é temporal e, portanto, sua existência se fundamenta no tempo (HEIDEGGER, 2005). E o que é o tempo, senão o fio que tece todas as nossas experiências e relações?


Assim, esta frase nos convida a viver com um olhar reverente para o passado, valorizando o que já foi provado e estabelecido, sem deixar de continuar criando novas histórias e memórias. E, como diria Montaigne (2017), o aprendizado contínuo é parte essencial de quem somos, mas devemos ter sempre o discernimento de valorizar o que já foi experimentado, seja nas amizades, nos livros, no vinho ou na lenha.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martins Fontes, 2014.


HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.


MONTAIGNE, Michel de. Ensaios: Livros I e II. São Paulo: Martins Fontes, 2017.

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