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Revolução da Inteligência Artificial: como a IA está transformando o futuro e o que você precisa saber para não se afogar nesse tsunami tecnológico, social e econômico.


Já podemos dizer que faz tempo que a inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma ferramenta promissora para transformar-se em um fenômeno central no campo tecnológico, econômico e social. Ou seja, justamente o tripé que justifica ser uma revolução. Estudos recentes, como os divulgados pela Gartner (2024), apontam que quase dois terços das empresas já utilizam IA generativa (GenAI) em suas operações, um aumento de 19 pontos percentuais desde setembro de 2023. Numa pesquisa eleitoral, esse salto elegeria até um presidente no primeiro turno, hein.... Essa adoção acelerada reforça a magnitude e a relevância desta tecnologia em processos empresariais, impactando especialmente setores como atendimento ao cliente, marketing e vendas.


Ilustração colorida de um tsunami tecnológico feito de padrões digitais e binários, com figuras humanas navegando essa onda, simbolizando a adaptação às mudanças trazidas pela inteligência artificial. Ao fundo, uma cidade futurística e redes digitais conectadas refletem o impacto social, econômico e tecnológico da IA.
A Revolução da Inteligência Artificial: uma onda de transformação tecnológica, social e econômica avança rapidamente, mudando para sempre a forma como vivemos e trabalhamos. Estamos preparados para navegar nesse tsunami digital?

Ao observarmos o que pesquisadores do assunto vêm apontando, como Martha Gabriel e Mauro Oliveira, percebemos que há um ponto de convergência crucial: a IA é uma revolução sem precedentes, mas a forma como reagimos a ela determinará seu impacto positivo ou negativo na sociedade. Ambos, em suas reflexões, trazem diferentes perspectivas sobre a velocidade dessa transformação, a profundidade de suas implicações e, sobretudo, o grau de criticidade que precisamos manter ao lidar com tais mudanças.


Martha Gabriel, em diversas palestras e obras, ressalta que a IA não substituirá pessoas, mas exigirá uma rápida adaptação por parte das empresas e indivíduos. Para Martha Gabriel (2024), a IA é uma aliada poderosa no aumento da eficiência e na potencialização da criatividade humana, especialmente nas áreas de marketing e inovação. Sua visão otimista encontra paralelo nos dados mencionados anteriormente, como os 16% de adoção de GenAI em atendimento ao cliente e 14% em marketing. Esses números indicam que as empresas estão, de fato, reconhecendo o potencial da IA como uma ferramenta de otimização, algo que Martha Gabriel já preconizava.



Gráfico da Gartner mostrando estatísticas sobre a adoção da IA generativa em empresas. Quase 66% das organizações usam IA generativa em várias unidades, 40% dos líderes empresariais implantaram em três ou mais unidades de negócios, e 20% já têm soluções em produção. As principais áreas de adoção incluem atendimento ao cliente, marketing e vendas
Situação atual da Inteligência Artificial Generativa em 2024: a IA generativa está em ascensão, com quase dois terços das organizações já utilizando essa tecnologia em várias unidades de negócios.


Entretanto, Mauro Oliveira, em sua análise crítica, nos alerta para os perigos de relativizar a magnitude dessa transformação tecnológica. Ele argumenta, e com razão, que muitos especialistas subestimam a velocidade com que a IA generativa poderá eliminar postos de trabalho e criar um “tsunami social” de desemprego, principalmente em profissões que dependem de conhecimentos processuais ou repetitivos, como advogados, psicólogos, jornalistas e professores. Isso pode ser embasado com dados alarmantes do Fórum Econômico Mundial, que indicam que 61% das profissões serão afetadas de forma significativa pela IA até 2027.


Ainda que Martha Gabriel e Mauro Oliveira adotem abordagens diferentes, há um ponto de consenso fundamental:


a adaptação será essencial. Mas essa adaptação precisa ser profunda, envolvendo não apenas empresas, mas sistemas educacionais e governos. O ritmo dessa adaptação será determinante para garantir que a IA sirva como uma aliada do progresso, não como uma ferramenta de exclusão social.

Como reforça Mauro Oliveira, é possível inclusive comparar o impacto da IA à substituição de agentes humanos em call centers na Europa, o que expõe a urgência de políticas públicas eficazes. Inclusive, as universidades, idealizadas para estarem à frente das mudanças sociais, podem estar atrasadas ou até negligenciando seu papel formativo ao não prepararem seus alunos para uma realidade cada vez mais moldada pela IA. Um dos poucos exemplos que se vê de esforço nesse tsunami é o Laboratório Multimeios, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, que traz uma linha de pesquisa pedagógica e tecnologia sobre inteligência artificial na educação, comandada pelo Prof. PhD Hermínio Borges Neto. Se tal emergência de capacitação não chegar às escolas logo na infância, é possível que tenhamos um problema muito maior daqui alguns anos.


Outro alinhamento que se pode fazer é com uma crítica mais ampla que temos ouvido de outros futuristas, como Yuval Noah Harari, que destaca:


o verdadeiro perigo da IA não reside em sua capacidade de desenvolver emoções ou consciência, mas na possibilidade de controle sobre o que nos distingue enquanto humanos: a linguagem e o pensamento crítico. A IA generativa, ao dominar a produção de conteúdo, pode reconfigurar a forma como entendemos o conhecimento, a aprendizagem e até mesmo as interações sociais. Isso pode não apenas eliminar empregos como um tsunami, mas também mudar a cultura e a própria dinâmica social, sem que estejamos preparados.

Ao observarmos esse cenário, é imprescindível que mantenhamos uma postura crítica e analítica frente à revolução tecnológica que estamos vivenciando. A adoção massiva da IA não pode ser entendida apenas como mais uma atualização tecnológica, mas sim como uma mudança de rumo dos processos sociais, econômicos e até psicológicos. Acredito sim que Martha Gabriel está correta ao afirmar que devemos nos adaptar rapidamente, mas essa adaptação deve ser feita de forma crítica, questionando os impactos a longo prazo e as implicações éticas da integração cada vez mais profunda da IA em nossas vidas. Por isso, concordo com Mauro Oliveira quando traz à tona que não é apenas uma atualização tecnológica que estamos vivendo, mas sim um tsunami que pouco estão vendo - talvez por estarem ainda abaixo do nível do mar, o que é pior quando a maré chegar.


É fato, não mais apenas perspectiva, que a inteligência artificial está moldando o futuro de maneiras que ainda estamos começando a compreender. O que podemos afirmar com certeza, a meu ver, é que essa transformação não será suave nem será apenas uma questão de evolução tecnológica. Estamos lidando com uma revolução que afetará profundamente os modos de vida, as estruturas de poder e as interações humanas.


Parece até que estou em cima do muro concordando tanto com Martha Gabriel quanto com Mauro Oliveira em seus pontos essenciais. Não nego isso, pois um muro alto pode ser bem conveniente e confortável, principalmente num tsunami. Mas a verdade é que concordo por razões óbvias:


é por enxergar que precisamos sim de adaptação rápida, como defende Martha Gabriel, mas também que devemos estar cientes do risco de um “tsunami” social, como alerta Mauro Oliveira. E, para isso, nem sociedade, nem governos, nem empresas podem relativizar os impactos catastróficos dessa revolução.

A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas, como qualquer revolução, ela traz consigo perigos e oportunidades. O que não podemos fazer é subestimá-la. A criticidade frente à IA é, hoje, a única ferramenta que nos permitirá moldar um futuro mais justo e inclusivo.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GABRIEL, Martha. Você, Eu e os Robôs: Pequeno Manual do Mundo Digital. São Paulo: Gente, 2020.


GABRIEL, Martha. Inteligência Artificial: do Zero a Superpoderes. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2024.


GARTNER. The state of generative AI. Disponível em: https://www.gartner.com/en/insights/generative-ai-for-business. Acesso em: 24/10/2024.


HARARI, Yuval Noah. 21 Lições para o Século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.


OLIVEIRA, Mauro. Cuide da IA antes que ela não cuide mais de você. Blog do Eliomar, O Povo, 05/09/2024. Disponível em: https://blogdoeliomar.com/cuide-da-ia-antes-que-ela-nao-cuide-mais-de-voce/. Acesso em: 24/10/2024.


WORLD ECONOMIC FORUM. The Future of Jobs Report 2023. Disponível em: https://www.weforum.org/publications/the-future-of-jobs-report-2023/. Acesso em: 23/102024.

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